Empresas devem ficar alertas ao consumo de energia na reabertura

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Especialista indica soluções para evitar o aumento na conta de energia de estabelecimentos de comércio e serviços e minimizar os impactos da crise causada pela pandemia do coronavírus

Após meses de restrições de funcionamento como medida de prevenção à covid-19, empresas dos setores de comércio, serviços e alimentação começam a retornar às suas atividades presenciais com o início da flexibilização das regras adotadas em vários estados do país. Para muitos empresários, esse era um momento bastante esperado, já que a grande maioria enfrentou queda de receita durante o período em que somente atividades consideradas essenciais podiam funcionar, cerca de quase quatro meses, variando de um local para outro. Entretanto, o cenário que enfrentam agora é bastante diverso do que conheciam antes de serem obrigados a fechar as portas. Além de impor medidas de segurança à saúde, como o uso de itens de proteção e o distanciamento social, a pandemia do coronavírus também trouxe mudanças significativas quanto ao comportamento de consumo e os hábitos da população. O medo de sair de casa e a redução de renda enfrentada por muitos brasileiros vêm contribuindo para que as pessoas deixem de comprar como antes, gerando a queda de arrecadação desses setores. Uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 65,5% de um total de 1,2 milhão de empresas de serviços e 64,1% de 1,1 milhão de empresas comerciais afirmaram terem sofrido os impactos negativos da pandemia.

Diante do momento de crise é preciso estar atento aos gastos necessários para o funcionamento, sobretudo com energia elétrica, uma das principais despesas de estabelecimentos comerciais. Assim, a adoção de medidas de eficiência energética pode ser uma boa alternativa para reduzir custos e auxiliar as empresas nesse período de retomada.

A gerente de Eficiência Energética da GreenYellow, empresa especializada em gestão de energia, Gabriela Mouriño, afirma que até mesmo medidas simples, de baixo custo, podem contribuir para esse fim. A especialista indica a utilização de sensores de presença para acionamento da iluminação e instalação de timer nos disjuntores para permitir que os equipamentos sejam desligados em horário pré-determinado. Para empresas que possam fazer um investimento maior, algumas alternativas são a troca de iluminação tradicional pela tecnologia LED, a automação de sistemas, como o de ar-condicionado, além da contratação de um serviço especializado para identificar as melhores estratégias de economia energética a serem adotadas. Nesses casos, ela destaca que, apesar de inicialmente haver necessidade de gasto maior, o retorno financeiro também costuma ser mais vantajoso.

Para ter resultados efetivos com esses sistemas, no entanto, a especialista afirma ser essencial que proprietários e funcionários das empresas saibam utilizar a energia de forma eficiente. Ela cita como exemplo os sistemas de automação com monitoramento remoto, cuja utilização é parametrizada pelo usuário. Esse tipo de tecnologia permite programar o ar condicionado para ligar apenas quando o ambiente atingir determinada temperatura. Mas se estiver programado para permitir a temperatura máxima de 18°C, o equipamento precisará ficar mais tempo ligado, consumindo mais energia. O mais indicado é determinar uma temperatura padrão, como 24°C, que, de acordo com a especialista, costuma ser adequada para a maioria dos ambientes. “É importante que o usuário tenha consciência dos recursos e das necessidades do ambiente”, afirma. Gabriela Mouriño ressalta que a mudança de comportamento é necessária não só para as empresas que adotarem soluções de eficiência energética, mas principalmente para as que não podem fazer esse tipo de melhoria e precisam reduzir sua conta de energia elétrica.

“Em um caso no qual o estabelecimento não possua nenhum tipo de automação, é importante reforçar algumas ações com os colaboradores para que não haja desperdício por luzes acessas em ambientes vazios: fechar as portas e janelas ao ligar o ar-condicionado; estabelecer uma temperatura padrão para o ar-condicionado e evitar ligá-lo e desligá-lo várias vezes ao longo do dia; não deixar equipamentos, como computadores, ligados sem uso (se for uma pausa rápida, utilizar a suspensão ou bloqueio de tela; se for fim do expediente, desligar a máquina); entre outros”, aconselha Gabriela.

Automação de sistemas de climatização e iluminação são alternativas para reduzir o consumo de energia na retomada das atividades dos setores de comércio e serviços

A especialista alerta que, no entanto, mais importante que saber administrar o uso da energia durante o período de operação dos estabelecimentos e comércios, é evitar possíveis desperdícios durante os horários de inatividade. O ideal é buscar, quando possível, ter um consumo energético quase nulo, evitando deixar aparelhos ligados sem que ninguém esteja utilizando. Ela aponta que a realização de um projeto de eficiência energética com monitoramento remoto também é uma boa solução, já que permite fazer ajustes a distância de acordo com a movimentação de pessoas.

“É importante garantir que, fora do período de operação do estabelecimento, os consumidores de energia estejam desativados na medida do possível, já que, durante a operação, eles se fazem necessários. O primeiro passo para economizar energia é não desperdiçá-la. Caso o usuário não tenha conhecimento ou experiência para a instalação destes sensores e sistemas, é interessante a contratação de uma empresa especializada para garantir que os equipamentos não sejam danificados no processo”, orienta Gabriela Mouriño.

Eficiência energética pode auxiliar estabelecimentos durante a crise

Em geral, as regras de flexibilização adotadas por estados e municípios determinam novos horários de funcionamento para os estabelecimentos. Além disso, em muitos locais há um limite para o número de pessoas que podem circular nos ambientes ao mesmo tempo. Dessa forma, apesar de muitas lojas, empresas de serviços, salões de beleza, academias, bares e restaurantes estarem abertos, o movimento ainda tem sido baixo se comparado ao período anterior à pandemia. Mesmo com menor circulação de clientes, em muitos casos, o dispêndio de energia para manter um estabelecimento aberto pode ser igual ou muito próximo do identificado em períodos de maior demanda. Ocorre, portanto, uma relação negativa entre arrecadação e consumo energético.

Nesse cenário, a representante da GreenYellow orienta que é importante que cada empresa conheça o perfil dos aparelhos elétricos que necessita, aprendendo a adequar o seu uso para gastar menos energia. Ela cita o caso de estabelecimentos que precisam usar maquinários pesados, afirmando que é mais econômico ligar o equipamento por 8 horas em dias alternados do que 4 horas todos os dias, pois o pico de energia gerado a cada vez que o motor é ligado faz com que o consumo de energia seja maior, ainda que o tempo total de utilização seja o mesmo. Mas, como nem sempre é possível fazer esse tipo de adaptação, a especialista afirma que é válido analisar se o lucro a ser obtido compensa o gasto com energia elétrica.

’Mais importante que saber administrar o uso da energia durante o período de operação dos estabelecimentos, é evitar possíveis desperdícios durante os horários de inatividade’

“É muito importante adequar o uso de equipamentos ao período de abertura do estabelecimento. Claro, vale avaliar se o aumento do consumo energético vai ser compensado pela receita durante as horas de abertura, mas tanto o consumo quanto a receita variam muito em função do tipo de estabelecimento”, pondera.

Por fim, Gabriela Mouriño ressalta que, apesar de cada tipo de empresa ter diferentes resultados com a adoção de práticas de eficiência energética, este recurso é sempre um aliado para melhorar o fluxo de caixa. Sobretudo em momentos de dificuldade, como o enfrentado atualmente por grande parte dos estabelecimentos comerciais do país, este pode ser um caminho para ajudar na recuperação financeira.

“As ações de eficiência energética são importantes em todos os momentos. Especialmente em cenários de crise, adotar uma prática que gera economia direta nos gastos de energia é muito atrativo. É claro que existe uma variabilidade grande do potencial de economia em função do tipo de estabelecimento, horas de operação, entre outros, mas em geral um investimento baixo pode gerar uma economia significativa”, reafirma.

 

Fonte: Procel Info

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