Energia solar conquista o campo

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Energia solar conquista o campo

26 de maio de 2021 | Por: Roberto Nunes Filho

Linhas de crédito com juros baixos estimulam instalação de painéis fotovoltaicos no meio rural; pecuária de leite sai na frente.

A energia elétrica é um dos principais custos do setor produtivo e, por isso mesmo, cresce no País o interesse por fontes renováveis de geração, como a solar. Na pecuária leiteira, gradativamente, esse recurso vem sendo explorado, garantindo expressiva redução de custos pelo fato de o produtor depender cada vez menos da rede de distribuição. Um dos casos de sucesso vem de Bom Despacho (MG), onde a Fazenda São Pedro, do pecuarista de leite Jacques Gontijo, instalou um sistema de geração de energia solar fotovoltaica há três anos e, desde então, obteve redução substancial na conta de luz. “Com este sistema, tenho uma economia mensal de mais de R$ 8 mil”, revelou o pecuarista, que cria 300 vacas da raça girolando e produz 7 mil litros de leite por dia.

O sistema foi instalado em 2018, no telhado do galpão onde ficam as vacas, em uma área de 500 metros quadrados. A empreitada demandou investimento de R$ 300 mil, financiado pela linha Inovagro, do BNDES. O pagamento começou recentemente, já que o plano de financiamento proporcionou carência de três anos, com sete anos para liquidar o aporte. O equipamento entrou em operação com 564 placas fotovoltaicas e, posteriormente, contou com duas ampliações, passando a operar com 736 placas. “O sistema funciona muito bem. Além disso, não gera manutenção. A demanda é apenas de limpeza, para retirar a poeira”, diz Gontijo.

A boa experiência levou o produtor a instalar um segundo sistema, que entrou em operação no dia 17 de maio deste ano, com 148 placas. Este, inclusive, é ainda mais inovador, por consistir em uma usina flutuante, instalada na represa da fazenda. O projeto, de R$ 250 mil, foi financiado pelo Banco do Brasil, com carência de um ano e mais três para pagar. “Com este novo passo, será possível gerar energia para toda a fazenda”, comemora.

O diretor da empresa Probanc Solar, Marcos Vinícius, responsável pelos projetos, destaca que a primeira usina implementada na propriedade, no galpão das vacas, tem potência instalada de 254 kilowatts pico (kWp). Já o flutuante tem uma potência instalada de 60,8 kWp, o suficiente para abastecer 104 residências com consumo médio de 400 kWh por mês. “Segundo a Embrapa Gado de Leite, o projeto da Fazenda São Pedro consistiu no primeiro sistema de geração de energia fotovoltaica instalado no telhado de um compost barn (o galpão) no mundo”, disse. “Já a usina flutuante é a terceira de Minas Gerais.”

“A adoção dessa tecnologia por parte das fazendas de leite vem, aos poucos, se expandindo, mas ainda há muito espaço para avançar. “Existe entre os produtores a clareza de que este é um caminho para a redução da conta de luz, mas a margem apertada e a volatilidade dos preços pagos aos produtores ainda são empecilhos para a expansão, por gerar insegurança no investimento”, avalia Vinícius.

Tal cenário, no entanto, tem sido compensado por alguns importantes fatores, de acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia. “O aumento das tarifas tem levado mais produtores rurais a considerar este investimento. Além disso, a tecnologia está ficando mais acessível, está aumentando a oferta de linhas de crédito e, por fim, as taxas dos financiamentos estão ficando mais atrativas”, relata o especialista, que ainda complementa que, atualmente, há mais de 70 linhas de crédito disponíveis para a energia solar, oferecidas por bancos públicos, privados e cooperativas de crédito.

Para o presidente da entidade, as perspectivas em torno da adoção dessa tecnologia no campo são promissoras e sua expansão será muito favorecida com a aprovação do marco legal da modalidade, que está pronto para votação na Câmara dos Deputados, por meio do Projeto de Lei nº 5.829/2019.

A redução na conta de luz é o resultado final da adoção da energia solar fotovoltaica. Antes dela, o produtor também conta com a possibilidade de obter um abastecimento de melhor qualidade, o que tende a favorecer as operações das fazendas, como bombeamento de água, ordenha, refrigeração, processamento, entre outras demandas.

“Por estarem localizadas em zonas rurais mais remotas, as plantas do agronegócio encontram muitos problemas com a qualidade de energia consumida, que tem muita intermitência e interrupções. Além disso, caso a unidade queira expandir ou aumentar sua produção, muitas vezes, a distribuidora não tem mais energia disponível na região para suprir toda a demanda”, analisa o diretor-presidente da GreenYellow, Roberto Zerkowski, empresa especializada em eficiência energética. “Com a geração fotovoltaica, é possível diminuir a dependência da energia proveniente da distribuidora e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de energia disponível.”

 

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